Estórias de Cada Um

Cel FRANCISCO GUERRA

Mensagens enviadas a Naim Cardoso

Olá
Quero compartilhar com vc o pronunciamento que recebi do então Tenente Coronel Francisco Guerra (hoje General), sobre momentos por ele vivido antes e durante a invasão do Projecto Luzamba. Fiquei feliz pela contribuição para a história do Projecto. Espero que goste
Abraços e aí vai.
Naim

Caro Naim, recebi do Agostinho de Matos, o vídeo sobre a ocupação do Luzamba, e pude rever figuras do Projecto e daquela odisseia. Faço-lhe saber o seguinte;
– Eu voava para recolher a produção no dia da ocupação de Cafunfo e logo de seguida o Luzamba pela Unita.
– A minha intenção era começar pelo Luzamba e depois ir recolher a da RST no Cafunfo.
– Na semana anterior no processo de recolha em Luzamba, pesamos a fracção de mais de dois quilates a dobrar. Mais de 1.000
– Sugeri ao Eng. Noé Baltazar, que voltasse na semana a seguir, pois era um risco deixar na mina elevada quantidade de produção porque o crescimento foi abrupto. A pedra maior pesou 64.4 kilates. Continuarei a contar-lhe noutro momento.
Um abraço

Caro Naim, prosseguindo com o que lhe contava;
– Obtida a autorização do DG da Endiama, o Eng°. Noé Baltazar, foi emitida a necessária credencial para a recolha da produção.
– Contactei o Pimentel Araújo, que era o Director da ex- SAL, Aviação Ligeira, a fim de preparar o voo para esse efeito. Perguntou-me há que horas pretendia partir, disse-lhe às 6 da manhã – rodas no ar. E assim foi. Fiz-me acompanhar nessa missão de dois oficiais do ex-GSIV.
– Pretendia começar pelo Luzamba, porque na semana anterior apercebi-me que a pista já tinha a cobertura de kaltback e permitia a aterrissagem.
-Prosseguindo;
– Tratando de uma operação de elevado sigilo e restrita coordenação de procedimentos, só estando na vertical dos Projectos é que os Cmdts da aeronave perguntavam por onde começar a recolha. O cmdt era o Cardoso Valente. Orientei para o Luzamba, chovia bastante, não deu para pousar, reorientei então para Cafunfo – RST.
– Contactou a torre de controlo, e responderam: Não pode aterrar. Pergunte por quê! se o tempo está bom! e responderam: Quem está aqui no rádio é a Unita, que ocupou a Vila desde às 4 da manhã
– Regressamos à Luanda. Apercebendo-se do regresso do avião e postos na placa o Pimentel Araújo, perguntou-me o que se passava, contei-lhe o sucedido.
– Corremos para sala de operações da TAAG, na tentativa de impedir que o avião que tivera ido para Capanda com uma Delegação da Endiama não fosse para o Luzamba. Foi tarde, já tinha saído de Capanda e aterrado em Luzamba.
– Soube depois pelo Cor. Victor Mota, o que se passou depois, inclusive, sobre a insistência em saberem onde eu estava, porque era eu que tinha aterrado para ir recolher a produção.
– Informei a DG da Endiama sobre o ocorrido, que informou de imediato as instâncias superiores do Estado.
O Governo não sabia que a UNITA tinha ocupado a área mineira do Cuango e Cafunfo.
– A UNITA na voz do Eng°. Salupeto Pena, da CCPM, quando solicitado a pronunciar-se sobre o assunto, alegou não ter conhecimento do assunto, mas, a UNITA ficou a explorar os diamantes em Luzamba o tempo que a história registou.
– O que seria de nós caso aterrássemos (equipa de recolha da produção, tripulação e aeronave), nos vários cenários possíveis, é uma eterna incógnita.
– Quanto a divulgação deste episódio no canal, no conjunto do historial do Projecto Luzamba, se for importante subsídio não vejo inconveniente nenhum, pois é a verdade dos factos, não obstante, o Cardoso Valente, já ter falecido, e o Pimentel Araújo, também, recentemente. Outros intervenientes no processo ainda estão vivos.
Sempre fui um Oficial Militar conceituado e com idoneidade comprovado. Queria partilhar consigo esta passagem na minha prestação de serviço no Subsector dos Diamantes no âmbito da segurança.
Um abraço

Caro Naim,
Esse episódio que lhe contei sobre a ocupação do Luzamba, na época eu fui colocado pelo MINDEF por solicitação da DG da Endiama, em Comissão Especial de Serviço, para reorganizar o ex-GSIV, onde fui nomeado Director Adjunto do GSIV – Gabinete de Segurança Industrial e Vigilância, e por acumulação, o Chefe do seu Departamento de Segurança de Diamantes, no final da reestruturação desse órgão, por consenso e indicação da DG da empresa.
– Desde a recolha do produto das minas, à sua classificação e avaliação, e à exportação para o exterior, eram procedimentos desenvolvidos sob minha regência de procedimentos, até a extinção do ex-GSIV – fez-se evoluir para a criação da ALFA 5, em Fev. de 1993, e foi atribuído esse papel ao novo órgão criado, o CSD.
– Voltarei proximamente com um episódio que me marcou até hoje, já como Administrador na A5,
Um abraço e bom final de semana

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