ZIMIRA
Esse projeto foi realmente marcante, porque até hoje quase todos nós temos guardado algumas lembranças, como fotos, crachás… Como se tivéssemos a certeza desse reencontro! Impressionante!
Lembro-me das noites, que chegava ao Hotel Panorama onde ficava hospedada, tinha um grupo de crianças na frente do mesmo, esperando nossa chegada, para pedir-nos algo para comer.
Conversávamos, dávamos o que tínhamos (quando tínhamos) e brincávamos com elas. Eram crianças órfãs da guerra que já assolava. Comovida com aquela rotinha, um dia pedi que eles esperassem minha chegada, do outro lado da rua, pois defronte do hotel era proibido aglomerações; e, a partir dali, resolvi alimentá-los. Combinei com nosso amigo Nonato que ia jantar por último; junto com ele.
Quando todos iam embora do refeitório, eu chegava. jantava com Nonato; e, logo em seguida, separávamos o que não havíamos comido, para levar, e ainda colocava mais um prato de apoio (rsrsrsrs), para que tivéssemos o suficiente para encher grandes vasilhas e saciar as crianças que me aguardavam ansiosamente.
Quando ia me aproximando do Hotel e elas viam o carro, a alegria era enorme! Eu estacionava, atravessava a rua, sentava-me no chão de areia, coberto por uma lona grande, todas se acomodavam, e junto com alguns amigos que agora não lembro os nomes, distribuíamos o alimento, ao mesmo tempo que observávamos o contentamento das mesmas ao recebê-lo.
Que momento prazeroso, gratificante era ver a alegria estampada naqueles olhinhos. Chegava a me emocionar! Por tão pouco, quanta felicidade!