IVON
Bom dia. Vamos enriquecer o livro. Nossa saída da Fazenda com destino a sede do projeto Luzamba foi uma odisseia. Passamos a noite dentro de um trailer que tínhamos na fazenda. Quase não dormimos. Falamos muito pelo rádio amador com o Brasil via Dna. América senhora de Curitiba que era nossa porta voz no Brasil. No decorrer das conversas ela nos questionou sobre o ataque da Unita. Mencionou que as TV brasileiras haviam noticiado muito levemente o ataque. No dia seguinte cedo, preparamos a Toyota e iniciamos a jornada de ida para a sede do Projeto. Carregamos alguns kits propinas que eram comidas e cerveja e fomos. Encontramos militares numa ponte onde trocamos os kits pela travessia. Depois de 2 horas de viagem finalmente chegamos a Luzamba onde fomos recebidos com muitos abraços
Outra passagem interessante de Luzamba foi que requisitados o helicóptero para fazer um voo é identificar a área que foi a nossa fazenda. Lá chegando saímos com dois soldados trilhando caminho (Minas terrestres) e deixamos as portas abertas devido forte calor. Quando retornamos da caminhada embarcamos e a uns 100 metros de altura surge uma cobra nos pés do comandante helicóptero. Foi uma loucura. Ele tirava os pés do comando por causa da cobra, e o helicóptero Fora da desgovernado 360 graus. Acabamos descendo e os soldados acabaram tirando a cobra de dentro, para que pudéssemos retornar a Luzamba. Kkkkkk
Nonato meu amigo. Lembro que na sexta quando levava a produção da Fazenda vc sempre separava as nossas picanhas para o churrasco na fazenda. Debaixo de uma mangueira centenária, carne de primeira do Frigorífico Cidade de Bagé- RS. Nossa sai cada churrasco. Abraço
Pessoal na fazenda Projeto Luzamba as coisas aconteciam com menor intensidade. Não obstante vou relatar algumas passagens que vivenciamos.
1° Num dos sobrevoos de helicóptero com objetivo de encontrar uma área que já possuísse uma infraestrutura mínima para instalação da Fazenda aconteceu este episódio:
Agendados horários com o helicóptero e fomos até uma fazenda abandonada do tempo colonial.
Lá chegando pousamos num pequeno descampado e saímos seguindo os jovens militares batedores que faziam nossa escolta. Devido ao forte calor o Cmdt deixou as portas do helicóptero aberta. Vistoriados as instalações,entramos no helicóptero.o Cmdt acionou o mesmo para a partida e quando estávamos a uns 70 lts de altura surge nos pés do Cmdt uma cobra de mais ou menos um metro e meio ameaçando dar um bote.
O Cmdt tirou os pés do comando e o helicóptero girava desgovernado até chegarmos ao solo.
Depois do pouso conturbado, tds ocupantes saltaram da aeronave e a cobra mesmo com as portas abertas não saia. Passado o susto um dos militares retirou a mesma com um galho e a matamos depois de ser constatada ser venenosa. Voltamos para o vôo de retorno a sede do Luzamba desta vez salvos…
2°- Com o avanço do projeto Luzamba e já iniciando os trabalhos de recuperação da Fazenda, conseguimos o helicóptero para fazer uma viagem a Capanda. Nosso objetivo era de buscar matrizes de coelhos para iniciarmos a criação dos mesmos em Luzamba. Selecionados os futuros reprodutores, colocamos os coelhos em caixas de papelão e começamos acomodar ia mesmos no helicóptero. Minutos antes da decolagem chega o operador do rádio do aeroporto de Capanda dizendo:
Camarada chefe Ivon alguém está a lê chamar de Luzamba pelo rádio. Abordamos a decolagem e fui atender o rádio. Alguém que eu não lembro nome me pedia que não decolagem sem trazer 10 kg de dinamite que era urgente para um desvio do rio, e Luzamba havia ficado sem estoque.
Lá volto eu para a sede do projeto com a desculpa ao Cmdt. piloto que havia esquecido uma caixa com coelhos. Lá me fui eu sigilosamente buscar o brinquedo.
De volta com a dinamite e devidamente embarcada voltamos para a longa viagem de helicóptero até Luzamba. Na chegada, decidi contar ao Cmdt da aeronave que havíamos trazido junto com os coelhos 10 kg de dinamite. Ele queria me matar e me procura até hoje… kkkk. Amanhã conto outras.
Num dia antes do ataque da Unita, fui incumbido pelo grupo de residentes da Fazenda de fazer uma prospecção dos caminhos estrada que nos levavam da Fazenda até a sede do Luzamba. De bermuda e camiseta liguei a Toyota e iniciei a viagem. Percorri uns 10 km por uma estrada e encontrei a mesma fechada, instruída com uma barreira de terra pedras e árvores. Fiz o retorno para a outra estrada opcional de sai da que tínhamos. Cheguei até a primeira ponte grande para iniciar a travessia. Como de praxe, desci e comecei a olhar a estrutura da ponte para ver não havia nada de errado. Quando estou levantando debaixo da estrutura sinto algo gelado na nuca. Viro era um dos soldados da Unita que junto com um grupo de mais quatro ou cinco sairam do nada. Me deram uns tapas e murros, confiscadas acaahaves da Toyota me fizeram sentar numa grande pedra e começaram a carregar a Toyota com cascalho, para posterior procura por diamantes. Enquanto isto, eu permanecia sentado apavorado na grande pedra e de quando e vez um deles dava uma rajada de metralhadora pro meu lado. Naquele momento me veio a cabeça uma música do Raul Seixas. E eu aqui sentado, esperando a morte chegar….
Terminado o carregamento do cascalho me colocaram dentro cabine w um dos militares dirigindo seguiram por uma estrada, da qual, eu nunca havia passado. Rodando uns 20 km e chegamos a um acampamento da Unita. Me amarraram numa barraquinha e lá fiquei por umas 4 horas amarrado. De vez enquando Cunha um dava uma olhada na amarração e me falava que iam me soltar…
Passado mais ou menos umas 4 horas depois de preso, para a minha surpresa Paraná com a Toyota na minha frente, entregam a chave e mandam que eu fosse embora.
Embarquei na Toyota e tive que colocar a chave na ignição com as duas mãos de tanto que tremia. Voltei na estradinha mais rápido que o Ayrton Senna e lá chegando fiz este relato. Inclusive deixar tudo pronto para a fuga da Fazenda pois os militares da Unita falaram que iriam tomar posse da Fazenda no dia seguinte. Sai desta ileso por um milagre de Deus.
Projeto Fazenda Luzamba surgiu da necessidade de produzir alimentos perecíveis e não perecíveis a nível local procurando dentro do seu projeto de expansão atingir diversas atividades como horticultura,fruticultura,criação de aves postura, criação de suínos e peixes. Inicialmente foi identificada uma área distante aprox.50 km da sede do Projeto Luzamba. A escolha desta área na época foi estratégica, pois tratava -se de uma ex-propried colonialista, com uma infraestrutura inicial muito boa para iniciarmos as atividades agrícolas dentro do programa de Projetos Especiais que visava produzir alimentos em escala crescente ao projeto, e futuramente com os excedentes da demanda atingir as populações adjacentes ao projeto além de, proporcionar constante treinamentos das comunidades prestando assistência técnica e insumos destinados às produções agropecuárias.
O início das atividades na fazenda Luzamba se deu com a recuperação de equipamentos até então abandonados como trator esteira, trator de pneus,equipamento irrigação e numa segunda etapa iniciamos a recuperação das instalações de suínos, acomodações para o efetivo mão de obra, e refeitório local. Concluídas estas obras básicas, iniciamos a recuperação do pomada de frutíferas que estaca abandonado há mais de 15 anos. Nesta atividade partimos para podas de limpeza e correção, posterior adubação e instalação de irrigação. Em 90 dias já comecavamos a ver e saborear resultados com a colheita de laranjas,bergamota,manga e pêssego na continuidades inúmeras outras frutas. Em paralelo iniciamos a recuperação dos aviários com limpeza, conserto elétrica e hidráulica e a importação inicial de 4.000 pintos de 1 dia de Mogi das Cruzes-Sp, via nossa extinta Varig, o que provocou uma logística imensa, mas de grande sucesso, pois percorridos mais de 6.600 km tivemos uma baixa de apenas 14 pintinho da raça IsaBrown. Dentro do nosso planejamento estratégico produção de ovos, precisamos que no início da postura teríamos condições de produzir em torno de 250 dúzias de ovos diárias. No tocante à suínos começamos o projeto com animais locais, todos SRD( sem raça definida) que apresentavam-se bastante debilitados e com baixa conversão alimentar. Logo de início tivemos problemas com peste suína africana que dizimou 100% do nosso pequeno plantel. Tivemos que abandonar o projeto de suínos por 180 dias para a completa desinfecção das instalações. Semanalmente neste período de 6 meses aplicamos produtos químicos e vassoura de fogo para a completa esterilização das instalações. Estivemos na época na África do Sul identificando novos reprodutores, já acertados apis período desinfecção das instalações para embarque fazenda Luzamba. Neste projeto inicialmente iríamos começar com 25 animais reprodutores e no final do segundo ano, nossa neta era estar com 200 animais em terminação fornecendo em torno de 4000 kg de carne suína mes ao projeto. O excedente seria repassado ao contingente de trabalhadores e familiares da Fazenda, além de multiplicarmos animais para serem criados nas comunidades vizinhas. Este projeto não teve conclusão em função da guerra. Trouxemos também 20 matrizes para projeto de cunicultura. Estes coelhos reprodutores e fêmeas trouxemos do nosso projeto co-irmão da Fazenda de Capanda. Devido a rapidez e alta taxa de natalidade, nossa meta era estar produzindo 200 kg mes de carne de coelho para o projeto. Um detalhe extrema mente interessante e que as gaiolas doa coelhos estavam instaladas suspensas dentro do aviário, e toda sobra de comida que caia das gaiolas dos colegas era aproveitada pelas galinhas semi-caipiras. Projeto de produção de grãos contemplava o plantio de milho, pois era um insumo de grande caiu a na alimentação humana e também como insumo alimentaçãovdas aves e suínos consumo interno da própria fazenda. Chegamos a fazer a primeira colheita de milho, conseguindo produzir numa área de aprox. 20-ha, 140 scs por hectare. O projeto de grãos na sua expansão contemplava áreas de produção de feijão,milho,soja e arroz sequeiro. Tínhamos também uma área olabrada de 2,0 ha de mandioca que era muito vem saboreada por brasileiros e angolanos. Hortaliças legumes e tubérculos chegamos a produzir 6,0 toneladas mensais com destaque para batata doce,bata inglesa,tomate,pimentão,repolho,couve e outras. Um outro projeto que estava nos planos da Fazenda Luzamba, dentro das inúmeras atividades envolviam a área de Projetos Especiais, eram o da produção de tilapias em dois grandes reservatórios de água que tínhamos para a produção de alevinos,engorda e terminação dos peixes. Neste projeto estávamos recebendo consultoria técnico piscicultura de São Paulo. Neste projeto iríamos aproveitar para produzir raçãovpeixes dentro da da Fazenda. Seria um consórciovproducao de tilapias x suínos x coelhos x galinhas e bossa meta era produzir em torno de 1000 kg de pescado mês, além do fornecimento de alevinos as comunidades locais. Em resumo esta era a projeção de produção da Fazenda Luzamba.